segunda-feira, 28 de abril de 2008

MAC - USP levanta a questão ambiental com exposição Poéticas da Natureza

André Pernambuco
O Museu de Arte Contemporânea da USP inaugura a exposição Poéticas da Nauteza, terceira mostra da série desenvolvida pela docente Katia Canton dentro de sua pesquisa Tendências Contemporâneas. Desde 2001, a pesquisadora utiliza grandes temas da história da arte ocidental, discutindo seus conceitos e inserindo-os no discurso da arte contemporânea. Assim, depois de Auto-retrato, Espelho de Artista (2002) e Natureza-morta / Still Life (2004 e 2005), Poéticas da Natureza aborda a variedade de formas de representação da natureza, partindo da tradição do gênero da paisagem na visão contemporânea e propondo reinvenções do conceito.

A representação historicamente conhecida da natureza, a paisagem, surgiu como gênero artístico no século XVII. Desde o primeiro momento, a pintura da paisagem caracterizou-se como uma retórica importante no mundo das artes, representando os elementos da natureza - árvores, plantas, rios e mares - como traduções da idéia de uma natureza universal.

Em A Natureza da Paisagem, primeiro dos quatro módulos que a curadora desenvolveu para a exposição, o espectador vai conhecer a forma como artistas contemporâneos falam da idéia de natureza em suas obras. Nesse módulo estão os artistas Karin Sigurardottir, Alzira Fragoso, Adriana Rocha, Albano Afonso, Leda Catunda, Claudia Jaguaribe, Tatiana Blass, Tadeu Jungle, Fabrício Lopes e Christophe Spoto. Um dos assuntos mais presentes no debate contemporâneo sobre ecologia e sustentabilidade também se reflete na arte. Águas e Umidades é o tema do segundo módulo da exposição, que apresenta a água não só como elemento chave na representação da natureza, mas também com sua forte carga simbólica relacionada à renovação da vida e a manifestação do inconsciente. Esse módulo apresenta obras de Sandra Cinto, Sonia Guggisberg, Célia Macedo, Brígida Baltar, Cao Guimarães, Marina Saleme, Ana Nitzan e Regina Saretta.

Deformações, destruições e crimes contra a natureza estão em Denúncia e Recontrução, terceiro módulo da mostra. Além de apontar as mazelas enfrentadas pela natureza, as obras de José Resende, Pazé, Vik Muniz, Shirley Paes Leme, Luiz Hermano, Debora Muszkat, Mariana Palma, Afonso Tostes, Marcelo Mochon, Renata Barros, Eduardo Srur, Nair Kremer, Regina Carmona, Fernando Piola e Tsuyoshi Ozawa apontam as potencialidades de redenção e reconstrução, revelando estratégias de reaproveitamento e recombinação, sutileza e afeto.
“Será que é real a noção de uma natureza única, consistente e universal?”, pergunta Katia Canton. Desde que se conhece a existência de vida em nosso planeta, elementos da natureza passaram por transformações constantes. Com base nessa premissa, A Natureza Inventada propõe a artistas contemporâneos como Anne Cartault d´Olive, Geórgia Kyriakakis, Albano Afonso, Germaine Richter, Maria Martins, Bettina Vaz Guimarães, Renato Leal, Fernando Velásquez, Marcela Tiboni, Christine Meirelles, Ernesto Bonato, Nazareno, Janaina Tschape, Mariana Malhães, Taro Shinodaque a criação de novas formas de atribuição a este conceito, incorporando noções de trânsito, fluxo, simulação e corporificação.

A exposição Poéticas da Natureza permanece no MAC USP Ibirapuera até 24 de agosto de 2008. No decorrer da exposição serão realizadas oficinas com alguns dos artistas participantes e um Seminário. A entrada é gratuita e as visitas guiadas para grupos podem ser agendadas pelos telefones 11 3091.3328 ou 11 5573.5255.


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