domingo, 30 de março de 2008

Otelo, o mouro no Rio de Janeiro

Larissa Helena

A peça de Shakespeare mais representada de todos os tempos está em cartaz no Rio de Janeiro. Otelo, o mouro de Veneza, é um drama que, apesar de escrito em 1603, fala sobre temas atuais como preconceito, falsidade, amor e ciúme. Por isso a peça nunca sai de moda.

O espetáculo ocorre no palco do Teatro Sesc Ginástico, de quinta a domingo, sempre às 19h. A
última apresentação será no dia 1º de julho.

A peça tem três horas de duração, com 15 minutos de intervalo. Muito, pra um público acostumado a filmes de menos de duas horas. Mas Mariana Batista, 22 anos, diz que não ficou nada cansada: "Ah, a gente fica...encantado com a história! Você fica prestando atenção e dá até pra esquecer da hora" - comenta a estudante na saída da peça.

A direção fica por conta de Marcus Alvisi e Diogo Vilela. Diogo também interpreta Iago, o criado ciumento de Otelo.

Na história, o mouro é um homem de prestígio em Veneza, onde se apaixona pela bela Desdêmona. Iago, seu criado mais íntimo, tem inveja da posição de prestígio de Otelo e sente que deveria receber mais honrarias do que ele. Por isso, cria diversas tramas, sempre buscando a ruína de seu senhor o do amor que ele nutre pela bela Desdêmona.

"É muito legal ver uma peça assim antiga e ficar emocionado com ela. Eu achei que ia ser meio chato, mas eu me diverti bastante!" - conta Mariana.

O ingresso custa 25 reais (com meia entrada para idosos, estudantes e comerciantes). O SESC Ginástico fica na Avenida Graça Aranha (veja o mapa).

Mais sobre Otelo?

- Confira o Resumo da peça (cuidado, aqui você vai descobrir o final!)

- Baixe a peça no Domínio Público.org, um site criado pelo Governo Federal, para disponibilizar para o internauta obras que já podem ser distribuídas livremente.

- Compre o livro, se você quer ler a peça, mas não gosta de ler no computador.

- Otelo na Wikipédia

segunda-feira, 24 de março de 2008

50 anos de Bossa Nova

Larissa Helena

Em 2008, o Brasil comemora os 50 anos de Bossa Nova. A comemoração toma por base o ano de 1958, em que foi lançado o disco de Elizeth Cardoso, em que João Gilberto fazia uma participação especial com a Canção do Amor demais. Pouco tempo depois, Gilberto lançaria o disco Chega de Saudade, com uma faixa do mesmo nome, que continha composições de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Esses dois lançamentos são marcos definitivos para o movimento da bossa, que já vinha tomando o ambiente carioca desde o início da década de 50.

Agora, 50 anos depois, a Bossa ainda faz parte do imaginário brasileiro: “A maioria das pessoas ainda identifica a Bossa Nova à temática carioca de samba, praia e verão, e a uma idealização dos anos 50 e 60 como tendo sido os ‘anos dourados’. Mas a Bossa Nova sempre foi muito mais que isso (...)A Bossa Nova é um patrimônio cultural brasileiro, sem época, e assim deve ser tratada.” – afirma o escritor Ruy Castro, autor de diversos livros sobre a Bossa Nova (veja a íntegra da entrevista).

Os shows comemorativos, realizados nos meses de janeiro e março, no Rio, lotaram. Mas ainda há outras festividades planejadas, como shows em São Paulo (de data ainda indefinida) e em outros países amantes da Bossa, como o Japão, por exemplo.


Mas se você mora no Rio, ainda dá tempo de curtir as comemorações: A Bossa Nova é instrumental vai ser dia 25 de março, na Sala Baden Powell, e conta com Chico Batera, Sérgio Barrozo e Kiko Continentino, tocando os grandes clássicos da Bossa. Além disso, tem também Leny Andrade e Miéle, no teatro Rival Petrobrás, no próximo fim de semana.

Foto 1: "Rapaziada Bossa Nova": Tom, Vinícius, Bôscoli, Menescal e Carlinhos.
Foto 2: João Gilberto
Foto 3: Vinícius de Moraes e Tom Jobim

Quer mais sobre Bossa Nova?

Experimente então:

  • Mais Shows:
  1. Patty Ascher
  2. Jimmy Santa Cruz e Carla Lai
  • Livros sobre a Bossa:
  • Do Ruy Castro:
  1. Chega de Saudade
  2. Rio Bossa Nova
  3. A Onda que se Ergueu no Mar
  4. Bossa Nova: the Story of the Brazilian Music that Seduced the World
  • E ainda:
  1. Momento Bossa Nova
  2. Bossa Nova, de Alexandre Machado

quinta-feira, 20 de março de 2008

Miguel Falabella fala sobre seu mais novo trabalho, o de diretor de cinema, com a estréia do longa "Polaroides Urbanas"

Leonardo Luzes

Como autor e diretor de teatro e tv e ator, Miguel Falabella se transformou em referência cultural do país como marca de um profissional de sucesso. Conhceido por sua infinita criatividade, podemos dizer que Falabella já passou por todos os gêneros, formatos e veículos. faltava apenas laçar-se como diretor de cinema, quesito preenchido com o nascimento de seu mais novo projeto, o filme "Polaroides Urbanas"


Dirigir um filme, era um sonho antigo seu?
Com certeza. Eu não ia ao teatro na infância. Foi apenas com a partir dos 10, 12 anos que passei a ser levado pela minha avó para assistir a musicais importantes como Hello Dolly e My Fair Lady. Cresci na Ilha do Governador na década de 60, quase uma aldeia. (risos) Ao lado da casa da minha avó ficava o cinema Itamar, onde tinham várias fotos de estrelas no hall do cinema. Cinema foi minha primeira paixão. Eu sempre tive vontade de dirigir cinema, e quando comecei a pensar no meu primeiro filme, me decidi pela adaptação da paca Como Encher um Biquíni Selvagem, mas me perguntava se saberia contar essa história que eu levei no teatro com apenas uma atriz, sem cenários, sem coadjuvantes e apenas um figurino.


Então por que você demorou tanto pra realizar esse sonho de dirigir cinema?
Eu sempre soube que iria dirigir, mas cedo ou mais tarde. As condições favoráveis demoraram pra aparecer. Uma delas referia-se à questão autoral. Pra mim, o que vale em cinema é a visão autoral, sem ela você não é nada. Demorei também porque o teatro e a TV sempre me absorveram muito, não tenho tanto tempo livre. Agora na maturidade, achei que era o tempo certo. Eu não queria queimar etapas. Quis estrear nessa com um texto lá de trás, quando sonhei em dirigir meu primeiro filme.


E foi difícil fazer a adaptação de um monólogo pra um filme com mais de 20 personagens?
Eu já considerava a peça bastante cinematográfica, não tive muitos problemas. Sempre fui obcecado pelo trabalho. Desenvolvo várias idéias ao mesmo tempo e tenho o habito de escrever e guardar. Ao logo dos anos fui elaborando o roteiro. Uma hora, o projeto fica pronto. Muitas pessoas se espantaram quando viram Império, com tantas musicas e personagens, mas na verdade a peça já estava pronta há muito tempo. O roteiro de Polaroides Urbanas não ficou pronto na véspera de filmar, ele já estava pronto há muito tempo, assim como vários outros projetos, que estão à espera do melhor momento sair da gaveta. No caso desse filme, o momento surgiu.

"Gostei muito da experiência, mas se trata de um primeiro filme, ao qual me dediquei e me joguei por inteiro."

Como aconteceu a escolha da atriz Marilia Pêra pra fazer o papel das gêmeas Magali e Magda?
A princípio, Claudia Jimenez repetiria o papel que fez no teatro, mas 20 dias antes do início das filmagens ela desistiu. Claudia disse que não se sentiria bem vendo outros atores desempenhando os papéis que ela fazia no palco. Tudo bem né, aceitei. Não ia bater de frente com a Claudinha. Ela é uma super atriz e já estou escrevendo outro monólogo pra ela. Quando ela desistiu, eu precisava de uma atriz excepcional, que pegasse o papel rapidamente e atuasse em dois registros diferentes. Nunca contracenamos, mas Marilia foi minha primeira diretora no teatro profissional, ao lado da Maria Padilha, em 1978, com a peça A menina e o vento, de Maria Clara Machado.


E quais são suas expectativas?
Que o filme encontre o caminho dele, mas sem estresse. Gostei muito da experiência, mas se trata de um primeiro filme, ao qual me dediquei e me joguei por inteiro. As pessoas são ou não são autorais, é este o diferencial. Eu olho o mundo dessa maneira e é esse tipo de gente que me interessa. Já fiz sucessos deslumbrantes e fracassos retumbantes, mas a grande onda é fazer. Gosto de trabalhar e de ver gente trabalhando. Já estou pronto pra outra.
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terça-feira, 18 de março de 2008

VIAGEM AO CENTRO CULTURAL DO RIO

Aline Malafaia

As comemorações pelo bicentenário da chegada da Família Real ao Brasil destacam a relevância histórica do Centro do Rio de Janeiro, mas apesar disso, alguns cariocas da gema não conhecem as preciosidades da região. Por isso, para esta Agenda do Cultura Digital, selecionamos alguns espaços que você precisa conhecer. A entrada é franca na maioria dos centros culturais, e nos outros, há meia entrada para estudantes. Chegar é fácil, há opções de transporte de todos os lugares. Então, confira as programações e escolha por onde começar essa visita que além de artística, é também histórica.

THEATRO MUNICIPAL: Com "th" mesmo, é um espetáculo à parte. O projeto arquitetônico é baseado na Ópera de Paris e data de 1909. Na programação, "Stabat Mater", de Antônio Dvorak. Dias 21/03 às 20h e 22/03 às 16h. O valor da entrada varia de R$20 a R$360. O teatro fica na Praça Floriano, s/n. Mais informações sobre a temporada de música clássica no Municipal, http://www.theatromunicipal.rj.gov.br/

MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES: Parte de seu acervo foi trazida por D. João VI de Portugal, há 200 anos. Atualmente, o MNBA tem uma coleção de 16.088 obras, fora as exposições temporárias que recebe. Fica pertinho do Municipal, na Avenida Rio Branco, 199. A visitação é de terça a sexta-feira, das 10h às 18h. Tem meia entrada para estudantes. http://www.mnba.gov.br/

BIBLIOTECA NACIONAL: Seu prédio atual foi construído em 1910, para substituir a antiga Biblioteca Real, também formada com a vinda da corte. É possivel consultar o acervo da Biblioteca pelo site:http://www.bn.br/site/default.htm . Fica na rua a México, s/n.

PAÇO IMPERIAL: Antes de virar residência da Família Real, o prédio abrigou, por exemplo, a Casa da Moeda. Hoje é um centro de arte contemporânea além de ter exposições permanentes sobre a sua própria história, sobre a arquitetura brasileira e o Atelier Sérgio Camargo. Dica: não deixe de conferir os filmes em cartaz na ESTAÇÃO PAÇO: http://www.pacoimperial.com.br/ . Para as exposições, a entrada é franca e o endereço é Praça Quinze, nº 48.

MUSEU HISTÓRICO NACIONAL: O espaço do museu, criado em 1922, pertencia ao Forte de Santiago. Você pode visitar a exposição permanente de automóveis antigos e no pátio externo, dar uma conferida em algumas armas bélicas que pertenceram ao forte. Estão em cartaz também as mostras: "Darwin: descubra o Homem e a teoria revolucionária que mudou o mundo” e "Um novo mundo, um novo Império: A corte portuguesa no Brasil". Ingressos a R$15. Visitação de de terça a sexta-feria, das 10h às 17h30m. Sábados, Domingos e Feriados, das 14h às 18h. O MHN fica na Praça Marechal Âncora, s/n. http://www.museuhistoriconacional.com.br/

CASA FRANÇA-BRASIL: Outro prédio contruído por ordem de D. João VI que se tornou um centro cultural. É o primeiro registro do estilo neoclássico na arquitetura do Rio. Não tem exposição em cartaz, mas no cinema, seções de "Paranoid Park", 13h30m, 15:30m e 17h30m. Rua Visconde de Itaboraí, 78. Entradas a R$8. http://www.fcfb.rj.gov.br/

CENTRO CULTURAL DOS CORREIOS: Quase ao lado da Casa França, no número 20 da Visconde de Itaboraí, o prédio de 1922 foi usado pelos correios por mais de 50 anos, até se transformar em centro cultural. Em cartaz, a mostra "From London to Rio", do desenhista paulista Vinicius Horta, radicado em Londres. Entrada Franca. De terça a domingo, de 12h às 19h.

CENTRO CULTURAL DA JUSTIÇA FEDERAL: O prédio de arquitetura eclética foi construído em 1905 para a Mitra Arquiepiscopal, mas acabou comprado pelo Governo Federal, e foi sede do Supremo Tribunal federal até 2001. Três exposições agitam o CCJF: "Busca", obras da artista plástica Cleone Augusto, "Rugendas, um olhar inaugural", 47 litografias da primeira metade do século XIX no Brasil, do pintor de Johann Moritz Rugendas, e "Vir a ver", fotos do próprio CCJF, feitas com o celular da artista plástica Ivani Pedrosa. Entrada Franca. Avenida Rio Branco, 241. Terça a domingo, do meio-dia às 19h. Confira também as programações de teatro e música pelo site: http://www.ccjf.trf2.gov.br/default.htm

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segunda-feira, 17 de março de 2008

De internauta para internauta

Larissa Helena

A web 2.0 disponibiliza formas cada vez mais inovadoras de promover a interação entre os usuários da Internet.

Os exemplos mais conhecidos no Brasil são o YouTube e a Wikipédia, sites de compartilhamento, onde as informações são inseridas pelos próprios usuários, e os outros podem editar, controlar, votar, comentar.

Entretanto, uma das maiores novidades na área é o Reddit: o mais famoso site de social-bookmarking da atualidade, no qual qualquer um pode se inscrever.

Num site de Social-Bookmarking, os inscritos podem postar links que consideram interessantes. Os outros visitantes do site votam positiva ou negativamente de acordo com sua opinão sobre o link. Cada votação positiva (upvote) dá um ponto para link, enquanto cada votação negativa (downvote) retira um ponto. Esses links são organizados por ordem de pontuação, ou seja, o que mais interessou fica no topo, chamando a atenção de novos internautas.

“Os próprios usuários administram o conteúdo. Quando há alguma notícia que eles não gostam, ou que acham que é fora do padrão, eles mesmos colocam para baixo e ela cai no esquecimento”, explica Renato Silveira, moderador do Subreddit de Imagens e Comics.

Isso é bookmarking. A parte social tem a ver com o que o site chama de “karma”: quanto mais o internauta posta, e quanto mais os outros votam positivamente no que ele postou, mais pontos ele ganha. E se votarem negativamente, ele perde pontos também. “ Se um usuário tiver muitos pontos negativos, as notícias dele nem aparecem na página de novidades, por exemplo” comenta Renato.

O reddit possui ainda uma barra de navegação intitulada recommended, ou seja, recomendada, em que o site, baseado no perfil do internauta e nas suas últimas votações, seleciona links que ele gostaria de ver.

Além do reddit, há outros sites do gênero, como o Digg e StumbleUpon. O social-bookmarking ainda não faz tanto sucesso no Brasil quanto nos Estados Unidos. Ainda assim, vale a pena conferir esta nova tendência, em que o internauta é quem faz e quem decide o que vale a pena ver.

Confira a entrevista com Renato Silveira, moderador do subreddit de Imagens e Comics.

terça-feira, 11 de março de 2008

PELOS NEGATIVOS DOS FERREZ A DESCOBERTA DE OUTROS TEMPOS

Aline Malafaia

As redondezas da Penha, sem as favelas do Complexo do Alemão, a abertura do Largo da Carioca e as lavadeiras no Recife são algumas das raras imagens que podem ser encontradas em preto e branco na mostra de fotografias “Família Ferrez: Novas Revelações”, em cartaz no Centro Cultural do Banco do Brasil, até o dia 27 de abril.

Podendo ser conferida de terça a domingo, das 10h às 21h, e melhor, com entrada franca, a exposição ocupa três salas. A primeira apresenta fotos do patrono do “clã” Ferrez, o consagrado mestre da fotografia Marc Ferrez. Sempre acompanhado de sua câmara fotográfica, ele aparece retratado, por exemplo, em 1915, na Suíça. Ancião, de barbas e cabelos brancos, mas com o olhar sempre apurado, de quem a vida inteira registrou imagens releveladoras. Nesta sala, também podem ser vistos diários e livros de viagens dos familiares, além dos instrumentos de fotografia utilizados por eles.

O legado deixado por Marc foi seguido pelos seus descendentes, que formaram um acervo de mais de 4 mil negativos, dos quais o colecionador e pesquisador Gilberto Ferrez, selecionou as 200 revelações que integram a mostra. A segunda sala, “Nossa Terra e Desmonte do Morro do Castelo”, revela imagens de Recife, Salvador, São Paulo, entre outras, no início do século passado, e as obras de modernização que o centro do Rio sofreu para dar espaço ao progresso. Pelas datas das fotos, é possível observar como a natureza foi substituída pelo concreto e pelo asfalto.

Uma família de viajantes com olhares atentos, fez registros por onde passou. Na terceira e última sala, “Comentário Social e Outras Terras”, estão imagens da França, da Holanda e da Itália, neste último país, destaque para uma vila que lembra os cortiços cariocas da obra de Aluísio de Azevedo. Chama atenção ainda a imagem da antiga Liga das Nações na Genebra de 1946, que mais tarde originou a Organização das Nações Unidas.

A sensação familiar da mostra se completa pelos retratos das mulheres e crianças da família e pelos álbuns espalhados pelas salas, que podem ser manuseados pelos visitantes mais curiosos, a fim de descobrir outras imagens inéditas.

Saiba Mais:
http://diversao.uol.com.br/ultnot/2008/02/22/ult4326u677.jhtm
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u373718.shtml
http://www.cultura.gov.br/noticias/noticias_do_minc/index.php?p=30644&more=1&c=1&pb=1

Veja os vídeos:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u373718.shtml
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM797891-7823-FOTOGRAFIAS+REVELAM+UM+BRASIL+INEDITO,00.html





segunda-feira, 10 de março de 2008

Grafiteiro Marcelo "Ment" fala sobre sua carreira e o mundo da arte

André Pernambuco - Como você começou e há quanto tempo você faz grafite?
Ment - Comecei a pintar nas ruas em 1998,mas já me identificava com a pixação desde muito novo,sempre desenhei desde criança e andava observando os prédios,viadutos e onde mais tivesse escritas e figuras.

André Pernambuco - Ainda existe muito preconceito? Como você encara essa situãção?
Ment - O preconceito sempre vai existir,mas encaro da melhor forma possível.Podemos acompanhar cada vez mais o movimento inverso,universitários,artistas de formação acadêmica, designers etc, cada vez mais buscam fazer parte do mundo do graffiti, seja pesquisando, usando como referências para seus trabalhos, copiando, ou até mesmo indo para as ruas pintar. O preconceito sempre vai existir, no meu caso busco estudar, fazer meu trabalho, pintar na rua sempre e evoluir, não é porque não fiz uma faculdade que sou pior ou melhor que um outro artista ou grafiteiro, ou qualquer tipo de pessoa.

André Pernambuco - Os grafiteiros sempre foram famosos por utilizarem de espaços públicos para produzirem seus desenhos. Até que ponto o grafiteiro pode utilizar desse espaço? Existe alguma código de ética com relação a isso?
Ment - Eu procuro pintar em espaços degradados,interagir com eles da melhor maneira possível, de um modo geral a maioria dos escritores de graffiti não pintam em cima de obras de outros artistas e de espaços tombados por exemplo, mas isso não chega a ser uma regra, e sim pelo respeito de cada indivíduo ou grupo que representa.

André Pernambuco - Em que outros lugares você já expôs seu trabalho?
Ment - Em eventos e encontros em comunidades, em espaços como o Circo Voador, Fundição Progresso, Morro da Urca. Exposição de lançamento do livro "Graffiti world" em Amsterdam, Holanda, Theshop gallery. Exposição Estéticas da periferia - Curadoria Gringo Cardia-Centro Cultural dos Correios-Julho-2005. Criação e execução para esculturas em exposição dos 13 anos do Grupo Cultural Afroreggae - Curadoria de Gringo Cárdia -Abril de 2006 Exposição Estéticas da periferia - Curadoria Gringo Cardia - Centro Cultural dos Correios - Julho - 2005. Na Caixa cultural no projeto "Fabulosasdesordens" que reuniu artistas do graffiti de diferentes vertentes, estados e países (
www.fabulosasdesordens.com)-Abril de 2007 Festival internacional de graffiti de Sant Just Devern, Barcelona - Abril de 2007

André Pernambuco - O grafite ainda encontra muita resistência com relação ao espaço nas galerias de arte?
Ment - Essa resistência vem diminuindo cada vez mais,existem artistas do graffiti que vem conquistando fama em todo o mundo,que vendem muito bem e é natural que as galerias abram um maior espaço.

André Pernambuco - Além do Nação Crew existem outros grupos dedicados a arte do grafite. Como você analisa esses grupos? Essa organização influencia na hora de buscar espaços para exposição?
Ment - Com o passar dos anos é natural que esses artistas amadureçam seus trabalhos e busquem novos suportes e áreas de atuação. Posso falar pelo "Nação" que é o grupo que faço parte, buscamos valorizar a cultura brasileira no geral e afirmamos isso como nossa real identidade, mesmo bebendo da fonte do graffiti americano/europeu, queremos que quando vejam uma expo, uma imagem, um graffiti na rua, as pessoas nos identifiquem como um grupo de escritores de graffiti genuinamente brasileiro.


André Pernambuco - Hoje podemos encontrar claras referências do movimento em campanhas publicitárias. A que você atribui essa tendencia?
Ment - Em todos os grandes centros urbanos o graffiti vem crescendo e penso ser natural essa invasão em campanhas publicitárias, na moda jovem, as pessoas na sua maioria se identificam com o graffiti, as cores, os traços, as letras e com certeza causam uma maior identificação com o público no geral.

André Pernambuco - Qual a importancia do grafite, socialmente falando?
Ment - No Rio de Janeiro, os jovens que vivem em favelas, no subúrbio, os de classes mais baixas em geral tem pouquíssimas referências positivas e o acesso a cultura e a educação muito restrito ou quase nenhum. O graffiti vem sendo uma ferramenta poderosa de elevar o conhecimento e o contato com a arte e positivas referências. Alguns grupos vem surgindo de escolas e projetos ligados ao graffiti, e repassando o conhecimento e experiências vividas nesses projetos.

POLAROIDES MAIS QUE URBANAS

Leonardo Luzes




Mais urbano do que nunca, Miguel Falabella se reinventa a cada novo trabalho que propõe. Seu mais novo filho é sua estréia como roteirista e diretor de cinema, com o filme Polaroides Urbanas.

O roteiro do filme foi concebido a partir de um texto do próprio Miguel, o monólogo “Como Encher um Biquíni Selvagem”, que atraiu mais de cinco milhões de espectadores e ficou mais de 5 anos em cartaz.

No filme poderemos observar vários de nós que circulam por ai, começando pela dona de casa, Magali, - aqui feita por Marília Pêra - que sufocada pelo cotidiano, vai ao teatro. Ela gostaria de assistir a uma tragédia para ver se acharia graça em sua vida, mas uma crise de pânico toma conta da atriz principal de Antígona, Lise Delamare, interpretada pela atriz Arlete Salles. Magali venerava a atriz e também a conhecia de vista Lise, por um único fato: as duas freqüentavam a mesma psicanalista, a respeitada Dra. Paula (Natália do Valle)

No consultorio, a maior queixa de Magali era sempre relacionada a sua irmã gêmea, Magda, uma perua assumida, deslumbrada e espalhafatosa. Magda passa a vida viajando com o marido, feito pelo ator Marcos Caruso, e só trás de presentes para a irmã pequenos chaveiros, isso quando não a telefona a cobrar.

Assim como todos, a psicanalista também tem seus problemas em casa, já que a Dra Paula sofre com sua filha Melanie, perturbada e rebelde, que diz só ser recebido amor da empregada da família. Ela tem uma amiga, que conheceu na academia, chamada Vanessa. Essa por sua vez é muito ambiciosa e acaba de terminar o relacionamento com o namorado, que ganha a vida como um garoto de programa, para sair com o filho de Magali, Arnaldo. Este obcecado pelo carro do pai, que ganhou num sorteio, mas nunca saiu com ele de dentro da garagem.

Em crise de desespero, Melanie foge de casa, toma vários remédios e é assaltada. Seu último recurso é apelar para um Centro de Atendimento a Suicidas, onde é socorrida por Dulce, personagem de Stella Miranda, uma alma solidária e traumatizada por problemas vividos com uma filha.

Na tumultuada vida urbana contemporânea, marcada pela violência, hostilidade, solidão e falta de sentido, esses personagens se relacionarão de formas surpreendentes, provocando transformações e a recuperações de alguns sonhos, isso sem esquecer que tudo começou com uma simples ida ao teatro.

Polaroides Urbanas é uma comédia de costumes, repleta de situações e histórias que estão ai, acontecendo diariamente com as pessoas na rua.

Leia mais nos sites:

http://www.columbiapictures.com.br/

http://www.miguelfalabella.com.br/



Na parte de dentro dos muros

André Pernambuco
Nascido após a revolução contra-cultural de maio de 1968, o grafite está ganhando cada vez mais reconhecimento como forma de protesto e manifestação artística. Ainda considerado por muitos como um movimento relacionado ao vandalismo e à marginalidade, o grafite vem, pouco a pouco, perdendo a imagem marginalizada e ganhando credibilidade.

Nos últimos anos, os grafiteiros vêm movimentando o cotidiano das cidades. Em São Paulo , o grafite já se integrou na paisagem e os seus autores, até então anônimos, passaram a ser reconhecidos. Hoje, já podemos encontrar claras referências do movimento em propagandas publicitárias, ilustrações e projetos sociais. Apesar de ainda existir alguma resistencia dentro do cenário artístico brasileiro, os artistas urbanos estão encontrando cada vez mais espaço dentro das galerias de arte, pricipalmente na cidade de São Paulo.

Segundo o artista plástico Marco Veloso, as galerias de arte têm papel fundamental na disseminação de qualquer movimento artístico. "Para as galerias, o grafite deve significar uma novidade em termos de linguagem visual. Além do que, vindo de fora do mundo da arte, o grafite também possui um ar sedutor derivado do que acontece nas ruas e longe do reduzido ambiente da arte". Para Marcelo "Ment", que já teve seu trabalho exposto em diversas galerias e eventos no Brasil e no exterior, o preconceito sempre existirá, mas já é possível se encontrar bastante espaço para expor.

"Essa resistência vem diminuindo cada vez mais, existem artistas do grafite que vem conquistando fama em todo o mundo, que vendem muito bem e é natural que as galerias abram um maior espaço".Hoje em dia existem diversos grupos organizados destinados à arte do grafite. São exemplos desse movimento o grupo Nação Crew e Flesh Beck Crew. Segundo "Ment", essa organização tem forte influencia na hora de procurar espaço para exposição.

Abaixo, o carioca Marcelo "Ment" em uma entrevista publicada no site youtube



"Com o passar dos anos é natural que esses artistas amadureçam seus trabalhos e busquem novos suportes e áreas de atuação. As galerias valorizam muito isso. Posso falar pelo "Nação" que é o grupo que faço parte, buscamos valorizar a cultura brasileira no geral e afirmamos isso como nossa real identidade. Queremos que quando vejam uma exposição, uma imagem, um grafite na rua, as pessoas nos identifiquem como um grupo de escritores de grafite genuinamente brasileiro".

Saiba mais sobre Grafite
Confira na íntegra a entrevista com o grafiteiro Marcelo "Ment"
Galeria Severo 172

Bolso vazio mente cheia: gaste pouco sem ficar por fora

Patricia Hermes da Fonseca

Que a cidade maravilhosa sempre possuiu uma vasta programação cultural, contando com os melhores shows nacionais e internacionais, peças de teatro, galerias de arte, museus e um ótimo e sempre atualizado circuito de cinema, isso não é novidade. Apesar disso, um dos problemas que faz o carioca não freqüentar esses ambientes é o alto custo das programações. Com isso, reunimos algumas dicas para nenhum carioca ficar de fora dos programas de lazer com informação.

Na lista podemos destacar o Instituto Moreira Salles, um prazeroso ambiente para um café de fim de tarde. Os artistas Marcelo Grassmann e Augusto Malta estão em cartaz com seus trabalhos. O lugar conta também com mostras de fotografias, exibições de filmes e programação infantil.
http://ims.uol.com.br/

Ainda na Gávea, a galeria Anna Maria Niemeyer representa e apresenta alguns dos mais importantes nomes da arte contemporânea brasileira e chama atenção por já ter realizado mais de 250 mostras individuais, algumas poucas e seletas exposições coletivas e eventuais lançamentos de livros, ligados à arte e a cultura.
http://www.annamarianiemeyer.com.br/

Outro espaço da zona sul, conhecido por seu charme, é o Parque Lage. A casa promove encontros com artistas todos os sábados, uma vez por mês a partir de março, com entrada franca. Neste próximo sábado, dia 15, o evento conta com a participação de Luiz Ernesto e Milton Machado.
http://www.eavparquelage.org.br/

Mudando os ares, o centro é outra excelente dica para programas com baixos custos. Por abrigar alguns dos principais museus da cidade como a Casa França-Brasil, Centro da Justiça Federal, Paço Imperial, Centro Cultural dos Correios, Museu de Belas Artes, Centro Cultural Light, Galeria Durex, Biblioteca Nacional e o CCBB. Este último em cartaz com a mostra Os Trópicos - Visões a partir do Centro do Globo em cartaz até 04 de maio e o 13 Festival Internacional de Documentários – É Tudo Verdade. Vale a pena dar uma conferida.

Com essas dicas, o carioca vai precisar inventar desculpas para perder esses excelentes programas tanto para a mente quanto para o bolso.

Lançamento: Órfãos do Eldorado

por Larissa Helena

Nesta quarta-feira (12), será lançado o novo livro de Milton Hatoum, escritor amazonense consagrado por seus romances Relato de um Certo Oriente, Dois Irmãos e Cinzas do Norte.

Órfãos do Eldorado faz parte da Coleção Mitos, da editora Companhia das Letras. O enredo mescla a lenda do Eldorado (uma cidade rica e fértil no fundo do rio Amazonas) à esperança na riqueza gerada pelo comércio da borracha. Tudo isso sob o relato de um homem na busca por seu amor, que concentra também os resquícios destas fantasias amazônicas.

“Hatoum fala sobre uma busca constante. E o importante no livro não é o que se encontra, mas sim esse caminho constante em direção a algo, essa procura”, explica Ângela Garcia, professora de Literatura Brasileira na UFRJ.


Milton explica que, apesar de se passar na Amazônia, o livro está longe de ser regionalista: "Difícil é dar uma dimensão universal às questões do romance. E para isso, escrever sobre São Paulo, Nova York, Recife ou Caxemira não é o fator determinante. O que sustenta uma ficção é o trabalho com a linguagem, e o que esta sugere, inventa e insinua sobre a alma humana, a História e a sociedade. É a linguagem que faz um bom livro.” – afirma.

E a linguagem do livro é capaz de impressionar qualquer leitor: por não ter divisão de capítulos, a narrativa vai num fôlego só. “Como os textos são relatos de memória, eles têm um andamento quase musical, muito diferente do tempo acelerado em que a gente vive hoje – e isso seduz o leitor”, acrescenta Ângela. Para compreender esse hipnotismo, só mesmo lendo o mais recente livro do amazonense que conquistou o mundo.