quinta-feira, 20 de março de 2008

Miguel Falabella fala sobre seu mais novo trabalho, o de diretor de cinema, com a estréia do longa "Polaroides Urbanas"

Leonardo Luzes

Como autor e diretor de teatro e tv e ator, Miguel Falabella se transformou em referência cultural do país como marca de um profissional de sucesso. Conhceido por sua infinita criatividade, podemos dizer que Falabella já passou por todos os gêneros, formatos e veículos. faltava apenas laçar-se como diretor de cinema, quesito preenchido com o nascimento de seu mais novo projeto, o filme "Polaroides Urbanas"


Dirigir um filme, era um sonho antigo seu?
Com certeza. Eu não ia ao teatro na infância. Foi apenas com a partir dos 10, 12 anos que passei a ser levado pela minha avó para assistir a musicais importantes como Hello Dolly e My Fair Lady. Cresci na Ilha do Governador na década de 60, quase uma aldeia. (risos) Ao lado da casa da minha avó ficava o cinema Itamar, onde tinham várias fotos de estrelas no hall do cinema. Cinema foi minha primeira paixão. Eu sempre tive vontade de dirigir cinema, e quando comecei a pensar no meu primeiro filme, me decidi pela adaptação da paca Como Encher um Biquíni Selvagem, mas me perguntava se saberia contar essa história que eu levei no teatro com apenas uma atriz, sem cenários, sem coadjuvantes e apenas um figurino.


Então por que você demorou tanto pra realizar esse sonho de dirigir cinema?
Eu sempre soube que iria dirigir, mas cedo ou mais tarde. As condições favoráveis demoraram pra aparecer. Uma delas referia-se à questão autoral. Pra mim, o que vale em cinema é a visão autoral, sem ela você não é nada. Demorei também porque o teatro e a TV sempre me absorveram muito, não tenho tanto tempo livre. Agora na maturidade, achei que era o tempo certo. Eu não queria queimar etapas. Quis estrear nessa com um texto lá de trás, quando sonhei em dirigir meu primeiro filme.


E foi difícil fazer a adaptação de um monólogo pra um filme com mais de 20 personagens?
Eu já considerava a peça bastante cinematográfica, não tive muitos problemas. Sempre fui obcecado pelo trabalho. Desenvolvo várias idéias ao mesmo tempo e tenho o habito de escrever e guardar. Ao logo dos anos fui elaborando o roteiro. Uma hora, o projeto fica pronto. Muitas pessoas se espantaram quando viram Império, com tantas musicas e personagens, mas na verdade a peça já estava pronta há muito tempo. O roteiro de Polaroides Urbanas não ficou pronto na véspera de filmar, ele já estava pronto há muito tempo, assim como vários outros projetos, que estão à espera do melhor momento sair da gaveta. No caso desse filme, o momento surgiu.

"Gostei muito da experiência, mas se trata de um primeiro filme, ao qual me dediquei e me joguei por inteiro."

Como aconteceu a escolha da atriz Marilia Pêra pra fazer o papel das gêmeas Magali e Magda?
A princípio, Claudia Jimenez repetiria o papel que fez no teatro, mas 20 dias antes do início das filmagens ela desistiu. Claudia disse que não se sentiria bem vendo outros atores desempenhando os papéis que ela fazia no palco. Tudo bem né, aceitei. Não ia bater de frente com a Claudinha. Ela é uma super atriz e já estou escrevendo outro monólogo pra ela. Quando ela desistiu, eu precisava de uma atriz excepcional, que pegasse o papel rapidamente e atuasse em dois registros diferentes. Nunca contracenamos, mas Marilia foi minha primeira diretora no teatro profissional, ao lado da Maria Padilha, em 1978, com a peça A menina e o vento, de Maria Clara Machado.


E quais são suas expectativas?
Que o filme encontre o caminho dele, mas sem estresse. Gostei muito da experiência, mas se trata de um primeiro filme, ao qual me dediquei e me joguei por inteiro. As pessoas são ou não são autorais, é este o diferencial. Eu olho o mundo dessa maneira e é esse tipo de gente que me interessa. Já fiz sucessos deslumbrantes e fracassos retumbantes, mas a grande onda é fazer. Gosto de trabalhar e de ver gente trabalhando. Já estou pronto pra outra.
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