segunda-feira, 23 de junho de 2008

A efemeridade em pauta no Museu de Arte Moderna

André Pernambuco
Clemens Krauss chega ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e apresenta a mais completa de suas instalações temporárias. Através do projeto “Aufwand/Display”, desenvolvido pelo próprio artista, Clemens irá produzir, durante cerca de 3 semanas, uma pintura sob uma superfície de 8x30 metros.


A pintura instalativa “Aufwand/Display” existirá somente pelo período de duração da exposição e justamente este caráter efêmero da pintura muralista vem a ser essencial para este projeto. Clemens Krauss utilizará aproximadamente 100 kg de pura tinta a oleo para execução da obra. A disposição da pintura seguida por sua complexidade e apresentação, compostos pela produção e função da obra em si serão envolvidos em um discurso mútuo. O projeto é uma análise crítica desta pintura complexa composta por seus protagonistas, os contextos diversos e a obra sendo concebida diariamente. Clemens Krauss representa e simula atitudes e caracteres apropriados da mídia cotidiana. A natureza assimétrica da obra emerge pela própria expressão do trabalho – de forma metafórica pela injustiça social representada pelo “desperdício” que a obra implica tanto pelo material quanto pelo espaço ocupado. Ao mesmo tempo “Aufwand/Display” se nega a reforçar o gesto moral e também afirmações de caráter social e político. Esta obra tem a função de ativar argumentos intelectuais com condições pré-estabelecidas se tornando uma plataforma de disposição social e política do “zeitgeist” atual.


Ao invés de pleitear o interesse subjetivo de indivíduos, este projeto acentua uma simples fisicalidade – a reduçãao da escala do corpo humano como um símbolo de desintegração comparado à vasta escala do Brasil, devido à disposição demográfica desigual de sua população. Esta idéia é representada nesta pintura muralista, a qual ocupa intencionalmente somente uma pequena parte de toda superfície.

Entre o dia 3 de junho e o dia da abertura, o artista estará no MAM trabalhando na confecção da obra. As pessoas que visitarem o museu durante esse período poderão acompanhar pessoalmente todo esse processo.

sábado, 21 de junho de 2008

Todas as histórias que um guarda-roupas puder contar...

Aline Malafaia

A última edição do Fashion Rio, Primavera-verão 2009, trouxe um espaço novo, o Fashion Container, onde os estilistas fizeram instalações de arte utilizando como tema os diversos assuntos que permeiam a moda: o processo de criação de uma coleção, a importância de um figurino para um espetáculo, ou ainda a pura exibição das peças e materiais. Essa tendência – vivida, não ditada pela moda – , de se aproximar da arte, mostra que uma peça do vestuário tem muitas revelações a fazer.

A exposição, “Mulheres Reais”, em cartaz na Casa França-Brasil até o dia seis de julho, comprova essa atribuição Através da indumentária, ela conta como era o Rio de Janeiro de Dom João VI: as transformações que a colônia sofreu com a chegada da família real, as relações de poder e hierarquias expressas nas roupas, e, finalmente, como as mulheres se integravam e quais papéis exerciam na sociedade da época.


Os costumes e tradições daquele momento também estão retratados nessa narrativa, que flerta com o idioma: “Ao abrigar dois sentidos do adjetivo real – realeza e realidade –, a língua portuguesa nos ajuda a traçar uma via de mão dupla entre uma e outra. Devolvemos às nossas mulheres da realeza o sentido a condição de mulheres reais, e às mulheres da realidade, conferimos a realeza que lhes é devida”. As palavras das curadoras Emilia Duncan e Cláudia Fares, no texto de abertura, preparam o visitante para entender o que ele verá a seguir.

A primeira sala apresenta vestidos criados com uma livre inspiração no universo de cada rainha européia, D. Maria, D. Carlota Joaquina e D. Leopoldina, apresentando vestidos com elementos inusitados e resultados surpreendentes, que se transformaram em verdadeiras peças de arte. As legendas estão impressas em tecidos, como todos os textos da mostra, e penduradas em cabides.

Outros “figurinos” ao longo das salas são inspirados em pinturas, principalmente as aquarelas de Debret. O espectador pode conhecer ainda as mudanças de comportamento provocadas pela chegada da corte, a maneira como as mulheres da colônia passaram a imitar as da metrópole, a maneira de vestir das mulheres negras, com sua ancestralidade africana explícita em tecidos, amarrações, formas e acessórios, todos muito adaptados ao trabalho.

Além dessas, muitas outras surpresas fazem parte dessa exposição, que termina com um desfile de peças de estilistas modernos e heranças da realeza até hoje encontradas no carnaval.
"MULHERES REAIS"
Modas e Modos no Rio de D. João VI
Rua Visconde de Itaboraí, 78 - Centro - Rio de Janeiro
Até 6 de Julho










sexta-feira, 20 de junho de 2008

Conheça o BondeSom!

Larissa Helena

Fim de semestre chegando... e pra aliviar a tensão, aqui vai mais uma dica de show!

Na sexta-feira, dia 27 de junho, tem o lançamento do CD do BondeSom, uma banda que está conquistando os jovens cariocas com um tipo de música dançante e animada, que está atraindo cada vez mais público.

O BondeSom surgiu há 5 anos como uma banda de faculdade e, já então, começou a agradar. Desde então passou por muitas mudanças, e hoje apenas 3 dos 6 integrantes estão lá desde o início.

Entre esses novos integrantes, está o tecladista Lucas Reis, que nos conta como entrou no Bonde: "Em 2005, um dos guitarristas foi passar o ano fora, e me chamou pra entrar no lugar dele... na verdade eu que pedi na cara de pau (risos)! Eu adorava a banda, e não perdi a oportunidade de dar uma de entrão..."

Lucas é o de smoking, à direita!

Com essa intrusão, Lucas está lá até hoje, e comenta como um novo integrante muda o produto final: "Cada um que entra é uma influência, uma pegada diferente... por exemplo, antes de eu entrar eram dois guitarristas. Quando eu entrei, que ficou uma guitarra e um teclado, o som mudou bastante! Tem gente que diz que ficou um pouco mais jazz, não sei ao certo... mas que mudou mudou!"

Jazz, samba, rock e salsa se confundem nas descrições do BondeSom. Pra o tecladista, na verdade, não é nada disso: o Bonde tem um som novo, diferente. "É claro que a gente se baseia nesses gêneros, mas o que sai no final não pode ser chamado de um gênero propriamente dito"

Uma coisa é certa, esse som que não é um gênero propriamente dito está fazendo sucesso. Além de músicas próprias, o Bonde também toca algumas já conhecidas: "No Quereres do Caetano Veloso, a gente faz uma versão maracatu. E o pessoal tem gostado também da versão das músicas do Mario Bros!" - conta Lucas.

O lançamento do CD da banda promete um show com cara de baile, pra ouvir, mas também pra dançar bastante! "O melhor do Bonde vai estar lá: música pra se dançar juntinho, separado ou ficar sentado ouvindo mesmo! Estamos preparando umas coisas diferentes também, que não fazemos todo show" - comenta Lucas, já avisando que não pode contar porque é surpresa!

Pra saber o que vai rolar, só indo no show mesmo: Sexta dia 27 de Junho, no Circo Voador!

O ingresso custa 15 reais e o cd custa 5.

Quer saber mais?

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Livros na sua caixa de entrada

Aline Malafaia

Se o futuro das mídias impressas está na internet, então ele já chegou. Para quem gosta de ler, a dica dessa semana do Cultura Digital é o site leituradiaria.com. Vale experimentar.

Por enquanto, quase 200 títulos, com o conteúdo integral, fazem parte do acervo do site e são disponibilizados gratuitamente. Para usar o serviço, basta entrar na página, se cadastrar e escolher um dos livros para começar. A busca pode ser feita pelo nome, autor ou gênero da obra.

O mais divertido é que trechos da obra são enviados diariamente para a conta de e-mail que o usuário informar. Há opções para todas as agendas. Depois de escolher a obra, o leitor-virtual seleciona a dinâmica de envio que mais se adapta ao seu tempo: quantas vezes por semana quer receber as doses de leitura delivery, em que hora do dia e, de acordo com quanto tempo ele informar que pode ler, o site calcula o tamanho do trecho a ser enviado.

Nessa página, o internauta também pode indicar o livro para algum amigo, deixar um comentário sobre a obra e escolher a formatação, além de conferir a previsão de quando a leitura será concluída. Opções menos cotadas, os livros podem ainda ser enviados via wap e rss 2.0.

Os trechos chegam numerados, assim, se por acaso algum deles não for recebido, é possível solicita-lo novamente.

Para os fãs de romances há mais variedade, são 100 títulos no acervo. Os livros contos ficam com o segundo lugar, e os de filosofia com o terceiro. Nietzsche e Machado de Assis estão entre os autores. Com essa gama de opções e sem gastar nenhum tostão, até para os viciados em internet, não há mais desculpa para não ler. A dica é salvar o endereço da página direto na sua lista de favoritos.


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Maré no Rio

Larissa Helena
A cantora Adriana Calcanhotto estará no Rio de Janeiro de 27 a 29 de junho, na turnê Maré.

Este é o oitavo disco da carreira da cantora, e está fazendo sucesso por todo o mundo: a turnê já passou por São Paulo e Buenos Aires, a ainda vai para Miami e Lisboa no final do ano.

Este é o segundo disco de uma trilogia que tem como tema o mar. O primeiro foi Marítimo, em 1988. Adriana afirma que não sabe quando sairá o terceiro.

Adriana promete visitar mais 13 cidades brasileiras, só até o fim de 2008. "Pelo que tudo indica, a turnê via continuar no ano que vem" - afirma Luiz Mena, assessor de imprensa do Canecão.
A expectativa para o show no Rio é de um público composto de pessoas de todas as idades, já que tanto jovens quanto pessoas mais velhas gostam das músicas de Adriana.
Entre os integrantes da banda que acompanha a cantora pelo mundo, o destaque é Bruno Medina, que era o tecladista da banda Los Hermanos.
A cantora afirmou que, nos shows, vai tentar não apenas trazer as músicas inéditas, presentes no novo cd, mas também trazer sucessos mais antigos, como Vambora e Mais Feliz.

O Show de Maré será no Canecão, sexta e sábado às 22h e domingo às 20h30. E tem preços pra todos os gostos: variando de 20 a 240 reais.

Mais do Mesmo:

Esquadros - Ao vivo
Mais Feliz – Ao vivo
Vambora – Ao vivo

segunda-feira, 9 de junho de 2008

FLIP

Larissa Helena
Não, não é uma onomatopéia dos antigos desenhos do Batman.

FLIP é a sigla para Festa Literária Internacional de Parati, que acontece de 2 a 6 de junho esse ano. Isso mesmo: internacional e Parati, na mesma frase! Bom pra gente, não?

É que essa festa, que acontece desde 2003, virou um das mais importantes eventos de literatura do mundo, e o maior evento turístico de Parati também. Ano passado, foram cerca de 10 mil turistas na cidade. Por isso, se você pensa em ir, é bom já ir reservando seu ingresso - já que, apesar dos preços bem salgados, a maioria dos hotéis lota.

A professora de Literatura Brasileira Adriana Maruzzi, da USP vem todo ano para o Rio de Janeiro só para participar do evento: "A FLIP é muito legal porque é uma oportunidade de estar perto de quem faz a literatura hoje em dia. E a gente acaba conhecendo colegas de profissão de vários estados, que vêm pro Rio só por causa disso." - conta.

A FLIP é famosa por atrair diversos famosos, escritores ou não. Chico Buarque, por exemplo, apareceu por lá na última edição, em 2007.

Uma das presenças mais ilustres a visitar a festa foi o aclamado historiador Eric Hobsbawm, autor de livros como "A era do Capital" e "Era dos Extremos", muito utilizados no ensino médio e na faculdade, e lidos por todo amante de história.
Esse ano não vai ficar pra trás: o escritor e jornalista Modesto Carone marca presença como um dos grandes nomes brasileiros a participar.

Mas a novidade deste ano vai ser mesmo a vinda do escritor Neil Gaiman, autor das novelas gráficas Sandman e Morte, de livros infantis, de scripts de cinema (como Beowulf) e de vários livros fantásticos para adultos. A presença do escritor promete atrair um número muito maior de jovens do que nas outras edições da festa.
Falar em jovens, não dá pra deixar de falar da Flipinha, que é um evento paralelo que ocorre junto com a festa, mas voltado para o público infanto-juvenil. Além de atividades para crianças e adolescentes, vários escritores estarão presentes, mas não é coisa de criança não: "Acho interessante para os adultos estar em contato com autores de livros infantis, e voltar a pensar nesse universo mágico que atraía tanto a gente há algum tempo. A parte infanto-juvenil vale pra pessoas de todas as idades!" - comenta Adriana.

Bem, fica a dica para quem tiver um tempinho nas férias.

Para mais informações, dê uma olhadinha no site da FLIP

Mais do mesmo:

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Oi Futuro apresenta "ENCONTRO/DESENCONTRO", de Ivens Machado

André Pernambuco
O Oi Futuro recebe a partir do dia 4 de junho a exposição “ENCONTRO/DESENCONTRO“, reunindo obras inéditas do artista visual Ivens Machado. Artista consagrado na história da arte brasileira e autor de obras singulares, Ivens possui vasto currículo nacional e internacional, tendo participado de várias versões da Bienal de Paris, da Bienal de São Paulo, e mais recentemente da Bienal do Mercosul, além de mostras individuais e coletivas em diversos países do mundo.

Além do material novo, a mostra traz vídeos realizados pelo artista durante os anos 70. Essas obras foram restaurados nos Estados Unidos especialmente para exposição. Sob a curadoria de Alberto Saraiva, "Encontro/Desencontro” apresenta, além dos trabalhos antigos de Ivens, um conjunto de vídeo-instalações realizadas com um novo tipo de linguagem, caracterizada pelo artista como “motivadora” e ao mesmo tempo “assustadora”. As video instalações serão as principais obras da exposição. A mostra é uma retomada para o artista, um dos precursores da vídeo arte no Brasil.
“De 74 a 76, eu produzi muito material. Mas comecei a me assustar com os rumos que os vídeos estavam tomando e com as possibilidades tecnológicas que fugiam de o que eu pretendia com os filmes. Eu também já tinha um trabalho como escultor e acabei indo para esse lado. Comecei a expor no exterior e minha carreira de vídeo artista parou por aí”, lembra Ivens.


Com uma carreira consolidada e consagrada como desenhista e escultor, o artista foi procurado pelo curador de Artes Visuais do Oi Futuro, Alberto Saraiva, para expor no espaço. “Em 2006, o Alberto, que conhecia o meu trabalho da década de 70, me procurou. Ele queria exibir os meus trabalhos antigos e me sugeriu produzir coisas novas. No ano seguinte, durante um projeto em Florianópolis, produzi, depois de 30 anos, ‘APERTANDO SILVANA’. A partir dele, resolvi retornar à videoarte”, explica Ivens.

A video arte “ENCONTRO/DESENCONTRO“, que dá nome à exposição, é também a mais longa das obras inéditas, todas com direção de Samir Abujamra e Ivens Machado, e será exibida numa tela no quarto nível. “Os pedaços se juntam, dançam e fazem movimentos”, define Ivens Machado sobre o vídeo que apresenta uma sinfonia de movimentações de braços e pernas.

Uma das obras que promete chamar a atenção do público é ”PERSEGUIÇÃO”. No exterior do elevador, um projetor exibirá imagens de uma perseguição realizada por quatro homens atrás de uma mulher, representada pela atriz Karla Dalvi. O filme é exibido na forma vertical e em preto e branco. As gravações foram feitas no Parque das Ruínas, no Rio de Janeiro. A obra é apresentada em flashes e o ritmo, que começa lento, vai aumentando até demonstrar a agressividade e velocidade características de uma perseguição. Além das obras inéditas, serão apresentados no quinto nível, os vídeos documentais “Slavemaster/Slave”, de 1974; “Versus”, 1974; “Dissolution”, 1974, todos restaurados.

A exposição tem entrada franca e ficará exposta no Oi Futuro de 4 de junho a 3 de agosto no térreo e nos quarto e quinto níveis.
Oi FuturoRua Dois de Dezembro, 63 – Flamengo(21) 3131-3060 De terça a domingo, das 11h às 20h.Classificação etária 18 anos

Oi Futuro